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Planejando o futuro da indústria do Espírito Santo


por Silvia Varejão

O Espírito Santo aprendeu a se planejar. Após complicados anos da década de 1990, momento em que o estado atravessou uma grave crise institucional e política[1], os quase 20 primeiros anos do século XXI mostram que o Espírito Santo é, hoje, um território organizado. Em vários indicadores socioeconômicos o estado se destaca nacionalmente: único com nota A no Tesouro Nacional, melhor ensino médio do país, 4º no ranking de eficiência dos estados, entre outros. É difícil escolher o fator determinante da mudança do Espírito Santo, mas muito provavelmente, esses são resultados de um estado que traçou os caminhos para o seu desenvolvimento.

Esses caminhos começaram a ser traçados em 2006, ano em que foi elaborado o Plano de Desenvolvimento ES 2025[2]. O ES 2025 construiu uma agenda de iniciativas estratégicas para o aumento da competitividade e para o desenvolvimento sustentável do Espírito Santo, sustentada em quatro grandes pilares:  erradicação da pobreza e a redução das desigualdades para ampla inclusão social; o desenvolvimento do capital humano capixaba segundo padrões internacionais de excelência; a diversificação econômica, agregação de valor à produção e adensamento das cadeias produtivas; e o desenvolvimento do capital social e a devoção absoluta à ética republicana por parte das instituições públicas.

Em 2013, após sete anos, o ES 2025 foi atualizado e resultou no ES 2030[3]. Essa atualização foi necessária, de acordo com o governador a época, Renato Casagrande, tendo em vista as conquistas sociais e econômicas que já tinham sido alcançadas e que ensejavam uma revisão do ES 2025. Para essa revisão, foi feita uma avaliação do presente e elaboração de uma nova visão de futuro. O ES 2030 traçou como visão de futuro para o Espírito Santo “Um Estado inovador, dinâmico e sustentável”. Para o alcance dessa visão de futuro foram estabelecidas três perspectivas estratégicas de atuação: bases sociais, propulsores de progresso; e oportunidades de negócio, trabalho e renda. Para cada uma dessas perspectivas estratégicas foram estipulados os focos de atuação.

O documento “Espírito Santo 2030: Plano de desenvolvimento” detalha cada uma das perspectivas estratégicas e os focos de atuação, e como os Objetivos do Desenvolvimento de qualidade de vida, maior competitividade e igualdade de oportunidades serão alcançados.

De acordo com a publicação, o ES 2030 não foi um plano construído apenas dentro do governo estadual. Participaram da elaboração além do Governo, as diferentes entidades, lideranças e organizações da sociedade. Se a própria construção do plano de desenvolvimento ensejou a articulação de diferentes atores da sociedade, não se pode esperar que a execução do plano, em todas as perspectivas estratégicas, fique a cargo do Governo de forma isolada.

É compreendendo o seu papel enquanto instituição direcionadora do desenvolvimento econômico do Espírito Santo, e tomando como base as diretrizes do ES 2030, que a Findes com a coordenação do Ideies, em 2017 começou a construir o Indústria 2035: plano de desenvolvimento da indústria capixaba. 

O Indústria 2035 se insere na perspectiva ‘Propulsores do Progresso’, que de acordo com o ES 2030, “é o elo central para se alcançar o novo ciclo de desenvolvimento econômico do estado”.

É considerando a importância de se planejar um novo ciclo de desenvolvimento para o Espírito Santo que o Indústria 2035 foi construído. Este plano está dividido em três etapas. A primeira, denominada Setores Portadores de Futuro[4], teve como objetivo identificar os setores, segmentos e áreas que têm a maior propensão de situar o Espírito Santo em uma posição competitiva nos próximos anos.

Essa etapa foi realizada em 2018, com a contribuição de 179 atores chaves no estado, e apontou 17 setores portadores de futuro, divididos em estruturais, transversais e emergentes. Como setores estruturais para a economia capixaba foram identificados: Agroalimentar; Celulose e Papel; Confecção, Têxtil e Calçados; Construção; Economia Criativa; Economia do Turismo e Lazer; Indústria do Café; Madeira e móveis, Metalmecânico, Petróleo e Gás Natural e Rochas Ornamentais. Os setores transversais foram: Economia Digital, Energia; Infraestrutura e Logística e Meio Ambiente. E como setores emergentes foram identificados a Biotecnologia e a Nonotecnologia.

A continuidade do Indústria 2035, a partir dos Setores Portadores de Futuro para o Espírito Santo, é a elaboração das Rotas Estratégicas Setoriais. Essa segunda etapa tem como objetivo a construção do roadmap de cada setor, ou seja, apontar quais os caminhos cada setor, segmento ou área portadores de futuro deverão percorrer nos próximos anos. Esses caminhos são traçados coletivamente pelos especialistas de cada setor, a partir da construção da visão de futuro, identificação das barreiras e dos fatores críticos, e da elaboração de uma agenda de ações de curto, médio e longo prazo.

Os primeiros roadmaps foram entregues em setembro de 2019 e contemplaram os setores Agroalimentar[5] e a Indústria do Café[6]. As próximas Rotas Estratégicas a serem finalizadas são da Biotecnologia e a de Petróleo e Gás Natural. Também está em elaboração o roadmap do setor de Confecção, Têxtil e Calçados. E ao longo de 2020 serão elaboradas as Rotas Estratégicas dos outros setores portadores de futuro.

A terceira etapa do Indústria 2035 é denominada Observatório da Indústria, que tem por objetivo fornecer dados e informações para a melhor tomada de decisão e auxiliar no monitoramento das ações traçadas nas rotas estratégicas. É muito importante acompanhar o desenvolvimento do plano e garantir a execução das ações – fazendo com que o planejamento de fato saia do papel.

Em 2035 completará 500 anos desde quando Vasco Coutinho desembarcou na Prainha de Vila Velha. Segundo estimativas do IBGE seremos 4,6 milhões de pessoas vivendo no Espírito Santo. Hoje somos 4 milhões de habitantes no estado mais bem administrado do Brasil. Já planejamos os nossos próximos anos. E sabemos que ações precisamos desenvolver para o Espírito Santo ser um estado inovador, dinâmico e sustentável.  É unindo esforços que vamos avançar cada vez mais no desenvolvimento sustentável do Espírito Santo.

[1] Para mais informações, ver SILVA, M.Z. Trajetória político-institucional recente do Espírito Santo. In: VESCOVI, Ana Paula V. Janes; BONELLI, Regis (Org.). Espírito Santo: instituições, desenvolvimento e inclusão social. 1ª ed. Vitória: ES: BIOS, 2010, v.1, p. 29-66.

[2] Espírito Santo 2025: Plano de Desenvolvimento. Disponível em https://planejamento.es.gov.br/Media/sep/Plano%20ES%202025/Plano%20de%20Desenvolvimento%20ES%202025.pdf.

[3] Espírito Santo 2030: Plano de Desenvolvimento. Disponível em https://planejamento.es.gov.br/Media/sep/Plano%20ES%202030/ES2030.pdf

[4] Setores Portadores de Futuro para o Estado do Espírito Santo 2035. Disponível em http://www.portaldaindustria-es.com.br/system/repositories/files/000/000/222/original/setores_port.pdf?1558105407

[5] Rota Estratégica para o Futuro da Indústria Agroalimentar 2035. Disponível em http://www.portaldaindustria-es.com.br/system/repositories/files/000/000/401/original/roadmap_agroalimentar.pdf?1568117167

[6] Roadmap disponível em http://www.portaldaindustria-es.com.br/system/repositories/files/000/000/436/original/ROADMAP_ROTA_ES_AGRO.pdf?1568117115

 

Silvia Varejão é mestre em economia e gerente de Estudos Econômicos 

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1 Comment on "Planejando o futuro da indústria do Espírito Santo"

  1. A erradicação da pobreza não se torna mais viável com a “A Instituição de Poupança Pública”, coletânea de artigos homônima do Luís Fernando Lopes?

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