Findes
Cindes
Sesi
Senai
IEL

Atrair e reter talentos: esse é o segredo do sucesso da gestão privada ou pública


Léo de Castro

Artigo publicado na Gazeta em 11 de julho de 2021.

 

“Primeiro reúna as pessoas, depois defina o negócio”. Ao refletir sobre essa mensagem, fiquei pensando como ela ainda é ignorada por lideranças tanto do setor privado como do setor público, embora pareça óbvia para organizações de sucesso.

O que faz a diferença em uma organização são as pessoas! A grande questão a ser enfrentada é: como atrair, reunir em um time e reter essas pessoas, para mobilizá-las em torno de um objetivo e desempenhar a missão almejada por empresas, instituições ou entidades.

Em um mundo em permanente disrupção, onde absolutamente tudo está sujeito a ser reescrito, uma especial atenção deve ser dispensada aos jovens.  Me refiro à chamada Geração Z, os nativos digitais que nasceram junto com a internet, em meados dos anos 90, e que são totalmente conectadas.

Essa geração está naturalmente mais aberta às novas tecnologias e está construindo uma nova forma de inserção no mercado profissional, com outros valores e aspirações.

São esses os talentos que realmente vão mexer no queijo de todos nós. E eles têm um approach diferente quando estão avaliando onde atuar profissionalmente.

Organizações muito hierarquizadas, com baixa energia, pouca interação extramuros, sem conexão social efetiva com seu público alvo, sem grandes oportunidades, sem diversidade, que não querem correr riscos, sem um propósito de melhorar algo no mundo – essas organizações estão tendo sérias dificuldades para sobreviver, principalmente porque não conseguem atrair os talentos jovens que chegam ao mercado.

Grandes corporações centenárias estão em plena transformação, como vi na Nestlé, em visita feita antes da pandemia a sua sede em São Paulo. Junte-se à Nestlé companhias como Coca-Cola, Ambev, Vedacit, Shell, entre tantas outras que estão em permanente mudança.  E a mudança não é uma opção: é uma necessidade para conseguirem manter a relevância no presente e no futuro.

Há alguns meses escrevi um artigo sobre o “smart learning”, que pode ser traduzido como o retorno que os empresários têm ao investir e conviver com a cultura das startups. A interação com esse novo modelo de organização gera um aprendizado que provoca uma mudança de mindset nos investidores.

As organizações citadas acima estão usando e abusando do smart learning, para se reinventar e se reposicionar e, assim, conseguir atrair novos talentos, que vão criar o futuro das empresas.

O desafio de atrair talentos pode encontrar respostas também no conceito de “employer branding”: trata-se de um conjunto de estratégias para o empregador construir a sua marca perante os colaboradores, atuais ou futuros.

A pesquisa Employer Branding Research 2021, publicada dias atrás pela Exame, mostra que 80% dos líderes de organizações acreditam que uma marca forte contribui para a atração de talentos. Do lado dos colaboradores, 96% afirmam que o alinhamento de valores pessoais com a cultura da organização é decisivo para a satisfação profissional de atuar em determinada empresa.

Esses mesmo raciocínio deve ser levado para o setor público, que precisa de um novo mindset.  Esse tema renderia outros artigos, mas vamos a um teaser: faz sentido uma gestão pública sem metas claras? Baseada em relações de “fidelidade” e “favores”? Por que não conseguimos uma evolução exponencial na educação, na saúde e nos serviços públicos em geral, como ocorre em várias áreas do setor privado?

Há muitas perguntas a serem respondidas. Por que precisamos nos submeter a corporações que em geral pensam somente em seus próprios benefícios? Por que a tecnologia não pode ser maciçamente aplicada em todas as frentes, para obter redução de custo e avançar nos princípios da impessoalidade, da moralidade e da eficiência? Por que a estabilidade no serviço público acaba resultando em ineficiência? Por que certas categorias podem ter 2 meses de férias se os demais mortais têm apenas um? E os empreendedores, que geram emprego e impostos para bancar a conta, nem isso conseguem? Haverá um dia uma reforma administrativa que corrija as distorções?

O setor público também enfrenta um enorme desafio na atração de talentos, tanto para cargos políticos e eletivos como para os cargos de carreira do serviço público profissional.

A tal estabilidade e os altos salários de certas categorias certamente não são suficientes para atrair os verdadeiros espíritos disruptivos, criativos e competitivos na busca do melhor serviço a ser prestado à sociedade. A busca pela estabilidade não ameaça estimular justamente os mais, digamos, “acomodados”?

Todos esses questionamentos são para provocar uma reflexão, não pretendemos aqui chegar a respostas categóricas. Mas uma coisa é certa: a busca por soluções para os desafios de atrair e reter talentos e produzir resultados para a sociedade, seja no mundo público ou privado, depende de um ponto central: a escolha dos líderes!

Liderança pressupõe uma visão de mundo abrangente, capacidade de ler e captar tendências, habilidade para trabalhar em equipe, respeito à diversidade e à divergência propositiva, valores que resistam às tentações de vitórias fáceis no curto prazo, mas insustentáveis no futuro. Liderar pressupõe inspirar!

Organizações privadas e públicas devem se debruçar atentamente sobre a questão da atração de talentos. Essa agenda é central para se manterem vivas e relevantes, inovando e criando soluções para um mundo em permanente transformação. No final das contas, são essas organizações, cada uma em seu respectivo universo, é que farão o país avançar e prosperar como nação.

Léo de Castro é Empresário, vice-presidente da CNI e presidente do Copin (Conselho de Política Industrial da CNI).

Os conteúdos e as opiniões aqui publicados são de inteira responsabilidade dos seus autores. O Sistema FINDES (IDEIES, SESI, SENAI, CINDES e IEL) não se responsabiliza por esses conteúdos e opiniões, nem por quaisquer ações que advenham dos mesmos.

Seja o primeiro a comentar no "Atrair e reter talentos: esse é o segredo do sucesso da gestão privada ou pública"

Deixe um comentário

Seu endereço de email não será publicado.


*