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A participação ativa das mulheres no Ambiente de Negócios


por Tais Ferreira

No último domingo (08/03) comemoramos o Dia Internacional da Mulher, data instituída oficialmente pela ONU no ano de 1975 e representa a luta das mulheres por direitos políticos, civis e sociais igualitários.

Ao longo dos anos mudanças importantes ocorreram na participação das mulheres no mercado de trabalho e este processo se consolida cada dia mais, deixando de ser apenas uma oscilação temporária para tornar-se um processo contínuo e persistente.

Mas afinal, como vem sendo a participação das mulheres no mercado de trabalho ao longo dos últimos anos?

Apesar dos desafios, cada vez mais elas assumem papel de protagonistas, não só na vida familiar, como também nos negócios, deixando de ser meras coadjuvantes.

EMPREGABILIDADE FORMAL DAS MULHERES

No Brasil, 42,8% dos empregos formais são ocupados por mulheres. Já no Espírito Santo, elas estão presentes em 44,0% dos postos formais de trabalho (RAIS, 2018). Um crescimento de 9,1% nos últimos 8 anos. Serviços (+20%) é o setor que mais aumentou a participação das mulheres entre 2010 e 2018, enquanto na construção civil (-25%) a queda de empregabilidade feminina foi de um quarto.

Participação das mulheres no mercado de trabalho formal do Espírito Santo (2010 - 2018)

Fonte: RAIS
Elaboração própria

EMPREENDEDORISMO FEMININO

Muito tem se falado sobre empreendedorismo. Este é, resumidamente, a implementação de novos negócios. Trata-se de uma iniciativa que, em geral, envolve muitos benefícios para o profissional, mas também riscos e incertezas. No Brasil, este é um segmento que tem se diversificado bastante, o que se deve principalmente à crise econômica, uma vez que se faz necessário buscar novas fontes de renda.

Segundo pesquisas da Endeavor, o número de mulheres que começaram a empreender cresceu consideravelmente não só no Brasil, como também em outros países, como por exemplo, os Estados Unidos. Em 2016, cerca de 30% de todos os negócios privados no mundo eram liderados ou idealizados por uma mulher.

Apesar deste crescimento, apenas uma pequena parcela destes empreendimentos ou organizações coordenadas por mulheres são consideradas de alto impacto, apontando para uma alta desigualdade de investimento por parte de instituições financeiras. Em números, menos de 10% das empresas lideradas por mulheres recebem investimento externo.

NEGÓCIOS DE SUCESSO COORDENADOS POR MULHERES

O Espírito Santo conta com diversos projetos idealizados e liderados por mulheres que deram início a jornada de empreender e se destacaram, seja pela inovação de algum produto, criação de novas tecnologias ou simplesmente tiveram a criatividade de inovar no processo que deu certo.

Como é o caso da Café Caramello, o primeiro creme de café do Brasil, que a partir de um produto específico alcançou o mercado nacional de cafés. A empresa, que possui 5 anos de atividade no mercado capixaba e é conduzida por Cristina Pascoli (empreendedora e idealizadora de todo projeto), conta hoje com 32 franquias espalhadas por todo país e possui no seu leque de produtos 8 diferentes sabores especiais de creme de café.

Liderada por Zilma Bauer e Larissa Bauer a empresa capixaba Ervas Naturais, com 23 anos de existência, do setor de cosméticos, é mais um exemplo de sucesso dos negócios do Espírito Santo comandados por mulheres. A empresa destaca-se no mercado ao buscar na natureza a fórmula para criar produtos de qualidade, extraindo o melhor de cada ativo natural e, em 2019, ganhou o prêmio de Destaque Empresarial na categoria de Micro e Pequena Empresa durante o Fórum de Gestão IEL.

No campo das startups, o destaque fica por conta de projetos como a Iupi – aplicativo de aluguel de carros idealizado por duas mulheres, Aline Santos e Tatiana Yeh. Na mesma linha das bicicletas e patinetes, os carros compartilhados são um modelo de locação que consiste em uma frota de veículos que podem ser retirados em várias estações ao longo das cidades e usados por diferentes usuários ao longo do dia, e no valor do aluguel estão inclusos o combustível e o estacionamento.

Estes são apenas três exemplos da participação das mulheres a frente de empreendimentos que, a partir da inovação, veem seus produtos ou serviços fazendo sucesso no mercado ao movimentar a economia, seja pela geração de novos postos de trabalho ou pela facilidade que podem trazer ao dia a dia das pessoas.

O JEITINHO FEMININO DE LIDERAR

As mulheres atuam nos mais diferentes cargos e funções em que, apesar das muitas barreiras enfrentadas, alcançam postos de liderança e destacam-se pela competência.

Dentre todos os postos formais de trabalho ocupados por elas no Espírito Santo, apenas 3,0% são cargos de gestão (diretoras, gerentes, entre outros).

Um exemplo que se difere do observado na média, ocorre na Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) e, especialmente, no Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), onde majoritariamente o quadro de lideranças é composto por mulheres. Hoje, 72,9% dos cargos de liderança da Findes são ocupados por mulheres.

De acordo com a escritora americana Catherine Kaputa, autora do livro “Marca de Mulher”, embora estudos sobre liderança demonstrem que existem poucas diferenças entre os sexos, as mulheres parecem favorecer um estilo de liderança mais democrático, persistente e objetivo. Segundo a autora, o modo de gestão das mulheres “se baseia em colaboração, trabalho de equipe e reconhecimento”.

As mulheres são um pouco mais propensas a serem “líderes transformacionais” que, como conselheiras ou instrutoras, procuram inspirar. No dia a dia das empresas elas tendem a promover e envolver os funcionários, tendo maior tendência a dispender elogios e a recompensar quando os projetos excedem as expectativas.

Um bom exemplo dessas práticas citadas acima é o próprio Ideies, que conta com quatro líderes mulheres, que promovem continuamente o envolvimento dos colaboradores, incentivando o crescimento de cada um dentro da organização, preservando a harmonia e o bem-estar da equipe.

Se a sociedade como um todo reconhece o papel da mulher como agente do desenvolvimento econômico, social e cultural, o empoderamento feminino não deve se restringir apenas às empresas, mas sim a todas as áreas da sociedade, como a cultura e o meio político, por exemplo.

Especificamente na política, destaca-se que as mulheres compõem a maior parte do eleitorado brasileiro, mas ainda são minoria nos cargos eletivos. Apesar das diversas iniciativas que têm sido realizadas para promover a participação das mulheres na política (como a Comissão Gestora de Política de Gênero do TSE (TSE Mulheres), instituída em 2019), essa participação ainda se mantém desigual. Nas eleições de 2018, as mulheres representaram apenas 15% entre deputados estaduais e federais eleitos. Dentre as 27 unidades da federação que escolheram seus governadores, apenas uma mulher foi eleita para chefe de estado.

O ambiente que temos hoje pode ainda não ser o mais propício para as mulheres que desejam empreender, mas uma notícia é boa: as mudanças necessárias para que esse cenário mude podem começar com todos nós, dentro e fora das instituições.

Desejamos um feliz Dia Internacional da Mulher a todas as mulheres pela garra, perseverança, dedicação em cada gesto que fazem. Nós somos únicas!

Referências:

Endeavor (2018). Lugar de mulher é nos negócios. Disponível em: https://endeavor.org.br/tomada-de-decisao/lugar-de-mulher-e-nos-negocios/. Acesso em: 03 março de 2020.

Kaputa, Catherine (2009). A marca feminina: usando a mentalidade feminina para o sucesso nos negócios. Boston / Londres: Nicholas Brealey Publishing. ISBN 978-0-89106-284-4.

Ministério da Economia (ME). Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), 2018.

Sebrae (2017). Empreendedorismo no Brasil. Disponível em: https://m.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/Relat%C3%B3rio%20Executivo%20BRASIL_web.pdf. Acesso em: 10 março de 2020.

Tais Ferreira é mestre em Economia pela UFES e analista do Ideies.

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